sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Desculpa, eu tô perdida.

Desculpa, eu tô perdida. O texto vai ficar confuso, estranho, confesso.
Eu fiz um experimento. Me deixei levar por duas semanas. E ao final da última sexta a noite, estava sozinha na minha cama, ainda mais devastada que antes. Por quê? Eu não estaria a fugir?
Porque de todas as opções, de todas as escolhas, eu decidi despender minhas energias naquilo que sempre fujo.

Não preciso de tempo, nem de folga sabática para me curar. Eu sou meu próprio problema, e viver sob essas emoções é o que me inspira.

As escolhas difíceis, os caminhos pedregosos, a distância. Independente de quanto doa, mas quanto mais doer, mais intenso e verdadeiro.
Que seja fruto do sofrimento minha futura felicidade. Que seja loucura pensar assim, pouco me sinto sóbria. Menos ainda, me importo.

E que ao pensar que vivia miseravelmente eu descubra que estava em um plano de demasiadas alegrias.

domingo, 2 de junho de 2019

Uma análise da promiscuidade



O que você acharia mais fácil: ficar 5 minutos de mãos dadas com o crush ou beijá-lo?
Rapidamente pensamos que dar as mãos seria mais fácil, mas a realidade nos mostra que essa prática quase inexiste.

 Se te convidam para assistir a um filme, dificilmente vocês sabem o que aconteceu depois de 15 minutos de tela. Suados, cansados, olham surpresos para a TV e percebem que o filme acabou, assim como o contato entre vocês, e vão embora dormir em suas camas, como se nada extremamente intenso tivesse ocorrido. E de fato nada intenso ocorreu.
 A intensificação do “Metflix” representa uma "superficialização" do contato humano. Mais que isso, mostra que não conseguimos nos conectar profundamente com um terceiro e para fingir que está tudo bem, que sabemos nos relacionar, calamos nossas inquietações e dificuldades enchendo nossas bocas de línguas e salivas. Não se consegue apreciar um filme naquela companhia, o silêncio é incômodo, a presença do outro é incômoda e ao invés de discutir o porquê disso, passamos a usar como gás para ações físicas, mas nada mentais. E o resultado é muito claro: conhecemos muitos corpos em muitos detalhes, mas nada de quem os possui.
 Por que muitos não apreciam uma festa se dela não tiverem tirado “uma casquinha” de alguém? Voltam transtornados para casa, pois não conseguiram saliva estranha. E quando conseguem, brilham os olhos ao contar para os amigos, ou apenas para salvar mais x nomes na lista, isso se o nome souberem, ou se lembrarem da quantidade exata. Parando bem pra pensar, se não contarem para terceiros ou se não anotarem em algum lugar, provavelmente vão esquecer do aconteceu, e aquilo passará a não ter importância. Beijam apenas para ter um assunto, poder se entrosar, parecer que se divertiram muito, embora ao deitar na cama, apesar do mundo girar, os sentimentos não giram sequer um pouco.
 Quando somos crianças, valorizamos muito aquela pessoa de quem gostamos. Somos envergonhados, mas mesmo assim trocamos olhares suspeitos e mostramos nosso amor em pequenos gestos: compramos uma balinha pra dar de presente, emprestamos nossa caneta preferida, procuramos saber o que o alvo gosta e tentamos gostar também. O ápice é o andar de mãos, símbolo de que existe um laço entre os dois. Em compensação, beijamos terceiros sempre que cumprimentamos alguém, amigos, família. E quando vamos fazer o mesmo com aquele alguém que gostamos, parece que o mundo para e todos estão vendo seu coração bater mais forte. O rosto cora e o momento parece uma tortura. É assim que acontecia quando crianças.
 Voltando à idade adulta, lembrando e comparando com a banalização da proximidade das bocas, a conclusão que tenho é que nos enganamos quanto a quem realmente gostamos. Parece-me que achamos muito mais fácil trocar fluidos do que palavras,  pois na verdade não estamos interessados no que aquela pessoa tem a falar, nem queremos saber quem realmente é.
Se beijamos alguém com facilidade, sem nunca dar as mãos antes, aquilo não passa de um gesto impulsivo, não pensado, dotado de motivação social, porém não emocional. A ação de beijar alguém sem ter a emoção da proximidade e sequer conseguir permanecer perto durante 15 minutos sem estranheza demonstra que aquela pessoa está sendo um meio para conquistar a aceitação, uma forma de ter assunto com os outros e demonstrar que você consegue estabelecer relacionamentos com facilidade, o que é uma baita mentira. Se tem algo que não aconteceu ali foi uma conexão, um relacionamento. O beijo não passa de um meio para atingir o objetivo máximo: provar que se tem habilidade em realizar conexões, de que se é socialmente desejado.
 Quanto mais dificuldade encontramos em beijar alguém, quanto mais coramos, sentimos que não é o momento ideal, deixamos para mais tarde, adiamos o compromisso, mais provável de termos uma conexão real. Se a Netflix permanece rodando e o binômio consegue prestar atenção, tocar na mão do outro enquanto pegam a mesma pipoca e não precisam se afogar em saliva para esfriar o rubor o facial, então uma conexão já se estabeleceu.
 A promiscuidade em geral é um tapa-buracos de sofrimento, idolatrada por uma visão hedonista de quem muito pouco sente prazer e busca na forma física preencher grandes vazios interiores. Isso me leva a pensar: a diferença entre uma ficada e um namoro não é o beijo, não é sexo, não é tempo. Um é um meio, outro é um fim em si mesmo. E mais difícil de diferenciar ainda, uma amizade com namoro, pois ambos são fins, são conexões. No primeiro, as batidas não aceleram com a proximidade, no último a proximidade é o motivo de você querer que seu coração continue batendo.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Conjugando



Cobertura do prédio
dissipavam cinzas de um cigarro
deixado
queimar sozinho.

Mais alguns cinzeiros ao redor
esperavam
migalhas de outros ardentes maços.

Mais algumas luzes
desligavam
na cidade, e o riacho
que ali descia no rosto
misturava-se com as águas distantes e geladas.

Um gole ou dois a mais e os olhos pesavam, as luzes dançavam, o corpo amolecia. Relógio andou. Cigarro apagou. O vento gelou. Tudo mudou e permaneci. Apagando aos poucos, agarrando o delírio, blefando aos ventos e acabando. Acabou. Evaporando, um fervilhar das sensações lento e invisível do maldito sentimento. É. Sorte de quem ebuliu, viu, sumiu, Eu fiquei. De tanto esperar, demorar, sequei. Evaporei.

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terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Comprimidos matinais de vida

Ok. Depressão é uma bosta, quem não sabe? Eu lido com ela faz 4 anos, passei por vários médicos, psicólogos e psiquiatras. Já tentei Reiki, energia dos espíritos, dieta e namoros (tudo bem que não namorei para me curar, mas achei que o amor curava tudo e me iludi). Esqueci por três dias minhas pílulas matinais sagradas e no último dia (hoje) acordei sentindo o peso de uma vida nas costas. Pois bem, sem meus comprimidos matinais já posso afirmar que fico sem vida, e nem fodendo arrisco ficar mais dias só pra ver no que dá. Seria eu mesma a pessoa que toma o remédio para se sentir mais viva ou o meu verdadeiro eu é sanguessuga, sombra e dúvida?
  Essa dúvida paira sobre mim, agora que me considero inseparável do medicamento. Era pra ser como tomar losartana para ficar com a pressão normalizada. Ou então como sempre digo na medicina: depressão é doença como diabetes, você toma o remédio, se alimenta e se exercita certinho que a vida segue. Mas não vou dizer que é simples. Me olho no espelho e tenho consciência de que aquela ali não era eu, porém agora sou. É como ter duas personas, só que uma mora escondida, a espreita para atacar a qualquer momento que pisar em falso e ignorar a caixinha no seu armário. Não é fácil. uma bola fora e é gol adversário aos 40 minutos do segundo tempo. Tem volta, dá pra ganhar, porém o esforço é enorme.
 Embora tudo isso seja cruel, eu sigo repetindo: depressão é doença como diabetes. Depressão é doença como hipertensão. Depressão não é você. Depressão não sou eu. Está ali, dentro de ti, mas não é você. Toma tua dose matinal de vida que ela te espera lá fora (e dentro também).


                                            Força pros dias cinzas. Melhoras.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

O que eu sou e o que eu quero?



  Sou uma pessoa que adora ler, escrever, aprender mais, acompanhar os mais sábios no meu trabalho e sentir evoluir profissionalmente. Adoro uma companhia doce, de sorriso fácil, que saiba respeitar o momento de olhar filme e comer uma pizza metade doce e metade salgada e caprichar nos créditos finais do filme. Sem pressa, sem estresse. Preciso estar acompanhada de companhias calmas, que reduzam meu ritmo, pois eu posso valer por 3 estressados. Sou muito intensa comigo mesma, me cobro arduamente pela perfeição no que faço e me sinto realizada com cada degrau que ascendo.
  Não sou má amiga, curto de verdade ouvir as histórias daqueles que se aventuram em um drink comigo ou um sushi. Gosto de rolês simples, que não exijam mais que uns panos cobrindo meu corpo e uma boa dose de querer estar ali. Mas apesar de tudo isso, lido com uma inacreditável sombra negra interna, tratada com minhas pílulas matinais e terapias semanais. Quem me vê por aí, nessa vida interessante que costumo, vez ou outra, clicar no instagram, acredita que a vida leve e fácil acontece para mim todo dia, que o sol amanhece junto do meu sorriso e o mundo brilha mais forte aqui do que aí. A verdade é que, apesar desse meu jeito de ser, essa sombra assombra mais do que eu deveria deixar. E resolvi compartilhar.
  Não é fácil sair quando ao invés de pesar o que a balança no banheiro mostra, você se sente pesando aquilo multiplicado por 5. Matar um monstro por dia, eu diria. Mas enquanto tenho energia para fazer, eu vou. A inércia, minha antiga conhecida, já me levou ao fundo do poço durante um tempo. Me deu corda pra sair de lá, mas me incentivou a ficar no fundo, no escurinho, e assim fiquei. Deu também uma mangueira para encher aquilo e dois pesinhos pros meus pés, e acredite, eu vesti os pesos e liguei  mangueira. Determinada a sair do mundo que eu criei, para outro bem distante. E, de última hora, com água até o nariz, sufocando suavemente, me agarrei na corda e puxei meu peso, os pesos nos pés e tudo que tava afundando comigo. E era tanto. Eu saí, mas ainda tenho essa sombra aqui dentro.
  Eu gosto de sair de casa para conhecer lugares novos agora. Adoro viajar, e tem uma série de países numa lista para conhecer. Quero me mudar para um lugar que nunca morei e fazer de lá meu lar. Ir em um bar sozinha, beber "Sex on the beach" e apreciar minha vidinha sendo feita. Atirar uma moeda num poço e fazer um pedido. Ou agradecer. Também procuro uma companhia para me acompanhar nessa minha busca por realização pessoal, mas também pra comer a pizza metade doce e metade salgada durante um filme na noite de sábado. Ou segunda. Boa companhia não tem hora. E percebi que cuidar de mim também não. É sempre hora, minuto se puxar a corda e se agarrar aquilo. É sempre o agora.

Bem-vindo, 2019. Gostar de estar comigo é a meta mais importante agora. E vamos embora, vivos.

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terça-feira, 17 de julho de 2018

Caso terminado


As luzes da casa se apagam, o silêncio instaura-se e as primeiras lágrimas brotam. É seu estúpido cérebro desacostumado com esse ambiente nada reconfortante e solitário, suplicando por atenção, por companhia, consciente e inconscientemente. Antes de deitar pensa “nunca mais vou amar ninguém novamente”, e sem perceber realiza uma dupla negativa, que, em lógica, nega sua própria teoria. Sim, você está devastado, desolado, seus amigos parecem não entender o quão perturbador é perder alguém assim. Todos parecem jamais ter experienciado algo assim. Logo, deduz que o que possuía era único e especial. Mas não o é.
Há beleza nas coisas serem voláteis. Tudo. A graça de tudo é ter um fim. Sem pontos finais a história seria demasiadamente longa e entediante. Sem expressão. Você choraria se soubesse que poderia recolocar esse alguém na sua vida? Sentiria saudades se soubesse que seu amigo voltará a te ver, não importa quanto tempo demore? E que teria o tempo que quisesse para ficar junto? A finitude humana nao deve ser lembrada somente na morte, ignorando religiões neste momento, mas sim, nas relações. Um nó que se desfaz não volta a ser linha reta novamente (ou pelo menos não totalmente). Existem resquícios, nervuras e ferimentos. Aquilo que se foi, não pode ser apagado da memória, – clichês à parte – entretanto podem moldar o presente.
Mas então acabou. Fim. The end. E você continua aí, no escuro do seu quarto, no silencioso momento pensando soluções para seu caso. É um caso perdido, talvez pense. Nem Sherlock Holmes vai solucionar, pois não vai se interessar, está entremeado de emoções. Eis que aceita a ferida, mas não quer expor, então a esconde. Bebidas, drogas, isolamento, e também pessoas. Nunca vi nada na medicina que recomende os quatro itens acima. Sai para a rua, mascarado e usando coisas e pessoas como “band-aid”, acreditando ser esse o medicamento para curar. E ao chegar ao seu quieto cômodo de descanso, a única sensação que vem é de horror, pois o tamponamento cai com o banho e o ferimento ainda arde com o bater da água.
Colocar “band-aid” cura? Bullshit! A cicatrização é processo endógeno, metabolismo humano de quem tem a ferida, não transmissível por colagem seja lá do que for. Fibroblastos, não importa o quanto de contato tenha com terceiros, não vão agir na sua pele, assim como relacionamentos vazios não vão curar o vazio que sente.
Bem, já tudo que tem se transforma, ferida em cicatriz, vazio em amor, dupla negativa em afirmativa, paciência é imperativo no processo de cura. E adivinhe só o que fará ao se recompor? Amar novamente. Finita e incandescentemente, iluminando seu cantinho atual escuro e sombrio: quarto/mente.

domingo, 4 de março de 2018

obs

Bocas jogando conversa fora e bebida para dentro. É assim que lembro disso. Não de muitos detalhes, minúcias materiais. Nem muitos rostos, nem tantas novidades. Engraçado, sinto perdidos aqueles que deveriam se sentir em casa e a graça da coisa toda consiste nisso: inconstância em ciclos.